Inflação no prato

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A alta dos preços dos alimentos é uma realidade que vem chamando atenção não apenas do consumidor. Procons de todo o país e até mesmo o Ministério da Justiça já começaram a investigar os motivos para um aumento nos preços no varejo equivalente 15,02%, entre julho de 2019 e agosto de 2020, nessa categoria de produtos.

Em Macaé, o Procon local notificou vários supermercados da cidade, solicitando informações que justifiquem os aumentos praticados nas prateleiras. As empresas notificadas terão que apresentar notas fiscais de entrada e saída dos alimentos entre 1º de julho último e a data da notificação. As notas servirão de insumo para que os fiscais verifiquem possíveis práticas abusivas que, se constatadas, poderão resultar em multas que variam entre R$ 711 e R$ 10,6 mil.

O aumento dos preços dos alimentos vem sendo sentido também pelos supermercados. Em um ano, foi registrada uma variação positiva de 8,5% nos valores cobrados no varejo, segundo a coordenadoria do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas, que mede o IPC. Por conta disso, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) enviou, recentemente, comunicado à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) denunciando os reajustes de preços em produtos como arroz, feijão, leite, carne e óleo de soja.

Segundo a associação, a partir de agosto, foi registrado aumento de 20% nos preços cobrados pelos fornecedores para o arroz e o óleo de soja. Na notificação enviada a Senacon, a associação diz: “Em alguns casos, o preço da indústria é maior do que estamos vendendo nos supermercados. Então, pode ser que ainda venha mais aumento por aí. Os empresários estão segurando parte dos preços, mas, uma hora, vão ter que repassar”.

Especialistas da FGV apontam a desvalorização do real em relação ao dólar como principal motivo para a alta dos preços dos alimentos. Segundo o coordenador da instituição, André Braz: “A desvalorização da nossa moeda chama atenção do resto do mundo para os nossos produtos, que ficam mais baratos. Desta forma, o mercado brasileiro fica desabastecido e o preço fica mais caro aqui dentro”, afirma.

A alta do dólar atinge toda a cadeia de produção de alimentos, inclusive na distribuição, já que o transporte é feito, em sua maioria, por veículos automotivos. Itens como a soja e o milho, produtos considerados matérias-primas na produção de uma série de alimentos também são afetados, uma vez que o valor é definido pelo mercado internacional.

Isso justifica o aumento de até 22,39% no preço do óleo de soja. O aumento nos preços do milho, por sua vez, resvala no valor cobrado pelo frango, que se alimenta do cereal. Da mesma forma, a valorização do dólar influencia o preço do trigo, que produz o pão nosso de cada dia, já que grande parte do trigo consumido no Brasil é comprada no mercado externo.

De maneira indireta, a valorização da soja no mercado internacional chega ao preço do feijão, que registrou aumento de até 70%,  nos últimos 12 meses. De acordo com o Instituto Brasileiro do Feijão, que reúne produtores nacionais, houve uma redução de 7,5% na área plantada do produto em estados importantes como o Paraná, Minas Gerais e Goiás, onde produtores estão preferindo o cultivo da soja.

Com relação à carne bovina, leite e seus derivados, a justificativa pelo aumento dos preços seria o período de estiagem, típico nesta época do ano, que prejudica as condições das pastagens. A estiagem ainda afeta a cotação dos preços dos hortifrutigranjeiros, que também vêm registrando alta nos preços.

Os consumidores devem denunciar o abuso de preços aos Procons locais ou por meio da plataforma governamental consumidor.gov.br  . Em Macaé, o Procon está localizado na Rua Presidente Sodré, 466 – 5º andar. As queixas também podem ser registradas pelo telefone (22) 2759-0801.

 

 

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